Oposições categóricas no exercício da crítica
A expressão "oposições categóricas no exercício da crítica" refere-se às dicotomias ou contrastes frequentemente estabelecidos para classificar diferentes formas de crítica — seja crítica de arte, literatura, cinema, música, etc. Essas oposições ajudam a entender os diferentes modos de abordagem, objetivos e estilos que uma crítica pode assumir. Abaixo, analiso algumas das principais dicotomias mencionadas:
1. Crítica impressionista vs. crítica documentada
Impressionista:
Baseada em reações subjetivas e pessoais.
Valoriza a experiência individual do crítico com a obra.
Tom mais ensaístico, literário e intuitivo.
Exemplo: um crítico de cinema que descreve como um filme o fez sentir, sem recorrer a análises técnicas ou contextuais.
Documentada:
Fundamentada em pesquisa, dados, referências históricas ou teóricas.
Pretende situar a obra em contextos mais amplos (sociais, estéticos, políticos).
Mais objetiva e argumentativa.
Exemplo: crítica que analisa um filme à luz do contexto histórico de sua produção e da teoria literária.
2. Crítica descritiva vs. crítica argumentativa
Descritiva:
Resume ou apresenta os elementos da obra (enredo, personagens, técnica).
Pouca ou nenhuma avaliação crítica.
Pode servir de introdução ou guia para o público.
Argumentativa:
Vai além da descrição, articulando uma tese ou julgamento sobre a obra.
Desenvolve argumentos para sustentar a opinião crítica.
Envolve análise, comparação, e posicionamento.
3. Crítica jornalística vs. crítica acadêmica
Jornalística:
Voltada ao grande público; linguagem acessível.
Publicada em jornais, revistas, blogs, etc.
Ênfase na atualidade e na função orientadora (informar se vale a pena ver/ler/assistir).
Exemplo: crítica de cinema em um jornal diário.
Acadêmica:
Voltada a um público especializado (pesquisadores, estudantes).
Produzida em linguagem técnica, com aparato teórico e bibliografia.
Busca aprofundamento analítico e reflexão crítica.
Exemplo: artigo científico sobre um cineasta ( literatura comparada).
Considerações finais
Essas oposições não são excludentes, mas tipológicas: uma mesma crítica pode transitar entre os polos. Por exemplo, uma crítica pode ser jornalística e ao mesmo tempo conter argumentos bem estruturados; ou uma crítica acadêmica pode assumir um tom impressionista. A riqueza da crítica está, muitas vezes, na capacidade de cruzar essas fronteiras, equilibrando subjetividade e rigor, estilo e método, emoção e análise.
Orientação: Busque perceber como você foi impactada ou impactado pelo filme, e a partir do seu conhecimento sobre a linguagem cinematográfica entender de que forma a produção (direção, montagem, figurino...) usou a linguagem para provocar esse impacto.