Crítica - "Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes”, por Maria Carolina Sturm
"Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes” (2023) é dirigido por John Francis Daley e Jonathan M. Goldstein, contando com ambos como roteiristas, em conjunto com Michael Gilio. Com um elenco cheio de estrelas do cinema americano, como Chris Pine, Michelle Rodriguez e Hugh Grant, é uma verdadeira ode ao universo dos jogos de RPG, já que tem como origem o jogo “Dungeons and Dragons”.
Pessoalmente, afirmo que o longa conseguiu um feio que há muito tempo não era vista em larga escala: uma adaptação narrativa carismática que evoca a melhor de sua fonte, sendo novo e honrado simultaneamente. Ele oferece uma experiência que atende ambos os públicos principais, tanto os fãs de longa data quanto aqueles que nunca rolaram um dado de 20 lados.
Seu charme pode ser diretamente relacionado a sua fidelidade ao jogo, uma vez que o enredo gira em torno de um grupo de desajustados em uma missão aparentemente impossível, uma homenagem direta às campanhas clássicas de D&D. Por tratar-se de um jogo que pode ser explicado como a criação de histórias fantásticas de modo colaborativo, as mecânicas de jogo se mostraram frutíferas, já que também conta com herois improváveis se unem para enfrentar desafios que nenhum deles poderia superar sozinho.
Ao perceber que os clichês presentes na própria natureza do jogo não são evitados, mas pelo contrário, abraçados pelo elenco e equipe, faz com que a obra seja um êxito em mais de uma maneira, pois consegue capturar a essência do jogo de uma maneira surpreendentemente autêntica e envolvente. De modo inovador, onde percebe-se a importância do olhar amoroso ao propor-se a criar um roteiro que adapte de outro meio, mostra para grandes empresas e franquias (como as sequências decepcionantes de Senhor dos Aneis e A Roda do Tempo) que se pode sim fazer um filme mainstream que seja algo novo e nostalgia.
A importância do grupo também foi algo perceptível por estar bem alinhado, já que é uma dinâmica onde cada personagem traz suas próprias habilidades e falhas para a mesa, reflexo direto das aventuras de D&D, onde a colaboração e a improvisação são cruciais para o sucesso da equipe e diversão para os participantes. Isso fica claro, já cada reviravolta na trama parece ser o resultado de um lançamento de dados, onde imprevisibilidade e emoção são transferidas para os espectadores, como se estivessem em uma mesa de RPG.
Entendo que além de realmente conseguir harmonizar diferentes expectativas entre o antigo e novo, sua fluidez também pode ser notada na construção de personagem, onde cada membro do grupo é complexo, profundo e infinitamente humano, tornando fácil para o público se importar com eles e suas jornadas. Visualmente, o longa é um deleite. Os cenários e criaturas são ricamente detalhados, evocando a rica tradição de fantasia de D&D. A magia e os combates são apresentados de forma que se assemelham ao que os jogadores visualizam em suas mentes durante uma sessão, com efeitos que impressionam complementam de modo belíssimo os personagens e a história.
Um dos pontos mais fortes do filme é como ele equilibra humor e drama numa narrativa excitante e inteligente. Assim como em uma sessão de D&D, onde momentos de tensão podem ser quebrados por uma piada ou um ato inesperado, “Honra Entre Rebeldes” nunca se leva a sério demais, mantendo um tom leve e divertido, mas sem sacrificar a seriedade dos momentos necessários. Também consegue se espelhar na criatividade envolvida para a solução de problemas aplicados pelos jogadores, ou no caso, os personagens. O decorrer orgânico e sagaz das ações e planos dos personagens prende o espectador.
Em suma, "Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes" é uma aventura fantástica que consegue a difícil tarefa de adaptar um dos jogos de RPG mais amados do mundo para o cinema. Com uma combinação perfeita de humor, ação e emoção, ele honra suas raízes e ao mesmo tempo cria algo novo e emocionante. Um verdadeiro triunfo para fãs de fantasia e jogadores de D&D.