Meus irmãos e irmãs do Norte (2016), Sung-Hyung Cho, por Evelyn Carla Ornilo da Silva, Lucas Emanoel Barros Vilar, Luiz Felipe Moreira Silva Oliveira, Jorge Luiz Maciel Rangel Neto e Sofia Silveira Yukimura Lopez
Essa é uma crítica pessoal que aborda os fatores históricos e sua influência com a produção audiovisual escolhida. Esse texto foi escrito por Evelyn Carla para a matéria de Crítica Cinematográfica (ART5004-08450) ministrada pela professora Clélia Maria.
1. A história por trás da narrativa.
Entre 1910 e 1945, a Coréia foi ocupada pelo Japão, formando colônias japonesas que tomaram terras coreanas e implementaram regras e leis que forçaram o povo coreano a se curvarem cultural e economicamente às forças japonesas, dentre as políticas de homogeneização forçada incluia-se a proibição do uso da lingua coreana, a substituição dos sobrenomes coreanos para sobrenomes japoneses, a exploração da mão de obra coreana a favor de servir os interesses industriais japoneses, a destruição dos patrimonios culturais, chegando até a casos de violência sexual contra mulheres coreanas.
Com o fim da segunda guerra mundial (1939-1945), veio também o fim da ocupação japonesa, foi em 1945 que a Coreia foi libertada do domínio japonês, com influência soviética no norte do país e estadunidense no sul. Pouco tempo depois, em 1948 a Coreia foi oficialmente dividida em dois países ao longo do paralelo 38, estabelecendo a República Popular Democrática da Coreia, sob um regime socialista e a República da Coreia, sob um regime capitalista. Essa divisão trouxe conflitos entre o povo coreano, gerando a Guerra da Coreia
Esclarecimento:
(1950-1953) que terminou sem sucesso de reunificação e/ou trégua definitiva, deixando ambos países tecnicamente ainda em guerra.
2. O documentário e sua escolha de enredo.
"Meus Irmãos e Irmãs no Norte", dirigido por Sung-Hyung Cho, é um documentário de 2016 que se aprofunda na realidade da população habitante da Coreia do Norte. Conhecido por ser um dos países mais restritos do mundo devido ao seu estado de guerra iminente e embates ideológicos com potências mundiais, o país é foco na produção, que tem como objetivo desafiar as percepções ocidentais e humanizar, de forma intimista, a vida e o cotidiano do povo local.
Inicialmente, ao abordar assuntos como a vida, as relações pessoais e o trabalho, o filme “Meus Irmãos e Irmãs do Norte” expõe diferenças entre a vivência de povos nascidos em contextos distintos, e enfatiza a necessidade de empatia e autoconsciência entre os dois povos. As filmagens feitas na região, com imagens de locais públicos, parques e o dia-a-dia da população contribuem, de certa forma, para a desestigmatização da realidade do país. Dessa forma, o documentário da ênfase na linguagem visual como forma de exposição de eventos, mantendo textos e narrações para passagens discretas, e diálogos reservados para entrevistas; entretanto, podendo carecer de explicações para contextualização da situação política nacional e internacional do país, além de reforçar determinados estereótipos, como da idolatria popular à líderes (ocultando o fato de não existirem estátuas do líder supremo no comando atualmente, por exemplo, apenas de herói nacionais).
3. A ambiguidade da interpretação.
O documentário, por vezes, tenta ser imparcial, mas revela-se incapaz de ocultar as generalizações sobre os conceitos pré-concebidos em relação à Coreia do Norte, mesmo que não intencionalmente. Sung-Hyung peca em manter a neutralidade, deixando transparecer em algumas cenas a falta de preparo, seja para formular perguntas mais interessantes que desmistificam o arquétipo do povo norte coreano, quanto para mostrar os gostos pessoais da população (que não se resume apenas a quem os lidera).
4. Conclusão.
Dessa forma, conclui-se que apesar de importante e esclarecedor em certos aspectos, o documentário não alcançou todo o potencial que poderia ter atingido. Ao abordar uma realidade que não é própria, é essencial permitir que as pessoas se expressem sem intervenções excessivas. Talvez se Cho não tivesse narrado e conduzido tanto nem expressado suas opiniões com tanta frequência, o documentário teria se tornado mais expositivo do que pessoal, potencialmente resultando em uma obra mais esclarecedora. Em vez disso, parece transmitir um desejo pessoal de autodescoberta, que foi o que a diretora deixou transparecer.
Referências:
Guerra Fria: o que foi, conflitos, fim, resumo. (2019, junho 14).
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/guerra-fria.htm
Luiza, A. (2021, agosto 22). Ocupação japonesa na Coreia.
한국언어교육단체.
https://www.grupoeduc-kr.com/post/ocupa%C3%A7%C3%A3o-japonesa-na-coreia
([S.d.]). Subslikescript.com. Recuperado 17 de julho de 2024, de
https://subslikescript.com/movie/My_Brothers_and_Sisters_in_the_Nort
h-5115676